O estado de São Paulo registrou, desde junho deste ano, uma série de casos de intoxicação por metanol, substância tóxica capaz de causar cegueira e até a morte. Até o momento, foram seis casos confirmados ligados ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas e outros dez em investigação. Entre eles, há três mortes suspeitas. A Polícia Civil apura bares e adegas que podem ter vendido bebidas contaminadas.
As vítimas apresentaram sintomas semelhantes aos de uma ressaca, como náuseas e dor abdominal, mas em alguns casos evoluíram para a perda da visão e até o óbito.
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O metanol é um produto químico industrial usado em solventes, combustíveis, anticongelantes e produtos de limpeza. Ele é altamente tóxico e impróprio para consumo humano. Mesmo pequenas quantidades podem ser fatais. No organismo, o fígado transforma o metanol em ácido fórmico, substância que ataca o sistema nervoso, a visão e pode levar ao coma ou à morte.
Quantos casos já foram registrados?
- 6 intoxicações confirmadas por bebidas adulteradas.
- 10 casos investigados, sendo 3 mortes (duas em São Bernardo do Campo e uma na capital).
- PCC pode ter ligação com casos de intoxicações por metanol em SP; entenda
Como as vítimas foram intoxicadas?
- As investigações apontam que o consumo ocorreu em bares e adegas de São Paulo.
- Um grupo de amigos comprou gim adulterado em uma adega e quatro foram hospitalizados.
- A designer Rhadarani Domingos perdeu a visão após consumir caipirinhas em um bar dos Jardins.
Especialistas explicam que a contaminação acontece em casos de falsificação, quando o metanol é adicionado para baratear a produção ou aumentar o teor alcoólico.
Qual é a origem do metanol?
A origem ainda é investigada.
A Polícia Civil apreendeu garrafas suspeitas em adegas e bares.
- A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) afirmou que adulterações podem estar ligadas ao PCC (Primeiro Comando da Capital).
- O Ministério Público considera a ligação possível, mas sem provas concretas até agora.
- Jovens ficam cegos após consumirem bebidas adulteradas com metanol; saiba tudo
É possível identificar o metanol na bebida?
Não. O metanol não altera sabor, cheiro ou aparência da bebida. Por isso, o consumidor não consegue detectar a substância em casa.
Sinais de bebida adulterada
Apesar de não ser possível identificar o metanol diretamente, alguns indícios podem levantar suspeita:
- Preço muito abaixo do mercado;
- Venda em pontos informais;
- Rótulo mal impresso, torto ou com erros;
- Ausência de CNPJ, lote ou data de validade;
- Lacre violado;
- Alteração de cor ou turvação em bebidas transparentes (como gim, vodca, cachaça e saquê).
Como prevenir a intoxicação?
- Comprar apenas em supermercados e distribuidoras autorizadas;
- Exigir nota fiscal para garantir a rastreabilidade do produto;
- Em bares, optar por estabelecimentos de confiança;
- Evitar bebidas de procedência duvidosa ou com preços muito baixos.
Quais são os sintomas da intoxicação?
Os primeiros sintomas podem parecer uma ressaca forte:
- Náuseas, vômitos e dor abdominal;
- Dor de cabeça intensa;
- Tontura e sonolência;
- Visão turva ou perda repentina da visão;
- Confusão mental e dificuldade respiratória.
- Em casos graves, pode haver coma, insuficiência respiratória e morte.
O que fazer em caso de suspeita?
- Interrompa o consumo imediatamente;
- Procure atendimento médico de urgência e informe a suspeita de metanol;
- Ligue para o Disque-Intoxicação da Anvisa (0800 722 6001);
- Guarde a garrafa suspeita, tire fotos do rótulo e do local de compra;
- Notifique a Vigilância Sanitária, Polícia Civil (197) e Procon.
- O tratamento pode incluir antídotos específicos (fomepizol ou etanol sob prescrição médica) e até hemodiálise, dependendo da gravidade.
O risco de cegueira
Segundo a Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia (ABNO), o metanol pode causar neuropatia óptica, uma lesão grave no nervo óptico que pode levar à cegueira irreversível. Isso acontece porque o ácido fórmico atinge diretamente as células da retina responsáveis pela visão.