A Escola Vera Cruz suspendeu por tempo indeterminado as duas estudantes acusadas de cometerem atos racistas contra a filha mais velha da atriz Samara Felippo. O colégio de alto padrão localizado em São Paulo também disse que poderá tomar outras medidas punitivas após a conclusão de suas análises sobre sanções e reparações envolvendo o caso.
– A suspensão se encerrará quando entendermos que concluímos nossas reflexões sobre sanções e reparações, que ainda seguimos fazendo, fato também comunicado a todas as famílias diretamente envolvidas. Ressaltamos que outras medidas punitivas poderão ser tomadas, se assim julgarmos necessárias após nosso intenso debate educacional, considerando também o combate inequívoco ao racismo – declarou o coordenador da instituição, Daniel Helene, em comunicado interno obtido pelo G1.
Além da suspensão, as alunas foram impedidas de participarem da viagem Estudo do Meio na Serra da Canastra.
– As ações punitivas são determinadas conforme regras e procedimentos institucionais, que levam em consideração os sentidos das punições no ambiente escolar. As sanções foram definidas pela equipe de Orientação, Coordenação e Direção, considerando a gravidade das ofensas. É importante sublinhar que as alunas não reincidiram em agressões racistas; a Escola nunca havia tomado conhecimento de qualquer atitude racista de ambas as alunas. Ações de reparação ainda serão definidas – acrescentou Helene.
A atriz Samara Felippo, no entanto, considera ser necessária a expulsão das alunas envolvidas.
– Não vejo outra alternativa para um crime previsto em lei e que a escola insiste [em] relativizar. Fora segurança e saúde mental da minha filha e de outros alunos negros e atípicos se elas continuarem frequentando escola. Não é um caso isolado, que isso fique claro. Eu sinceramente quero que as pessoas envolvidas, as agressoras, né, que são meninas de 15 anos, idade da minha filha, se reabilitem mesmo. Quero o bem delas, eu não quero mal de ninguém. Eu só quero que não convivam no mesmo espaço, onde poderão futuramente humilhar novamente e ofender e cometer outros atos de racismo contra ela – disse a artista.
Samara tem duas filhas, que são fruto do relacionamento com o ex-companheiro, Leandrinho, que era jogador de basquete. De acordo com a denúncia, duas estudantes do 9° ano pegaram um caderno de uma das filhas da atriz, arrancado folhas, além de escrever ofensas de cunho racial.
– Ainda estou digerindo tudo e talvez nunca consiga, cada vez que olho o caderno dela ou vejo ela debruçada sobre a mesa refazendo cada página dói na alma. Choro. É um choro muito doído. Mas agora estou chorando de indignação também – completou Samara.