Luciano Bivar e Lula são sintomas da autocombustão da política brasileira, que nada mais tem a ver com os interesses do país e dos cidadãos
Luciano Bivar e Lula são sintomas da autocombustão da política brasileira, que nada mais tem a ver com os interesses do país e dos cidadãos.
O presidente do União Brasil deverá ser expulso do partido por supostamente ter mandado incendiar as casas de praia do deputado Antonio Rueda e da sua irmã. Isso porque o desafeto foi eleito por seus pares para ocupar o lugar de Luciano Bivar na presidência da agremiação.
Quem manda incendiar casa de adversário é mafioso, mas não se pense que estamos no terreno da exceção absoluta. A piromania atribuída a Luciano Bivar é só paroxismo em um contexto no qual os partidos políticos se assemelham a lavanderias de dinheiro público. E quem está comando da lavanderia não quer perder o posto, é claro, a não ser por condições ainda muito vantajosas.
Caso seja comprovada a sua culpa, o piromaníaco deveria ser punido criminalmente, mas inexistem hoje certezas sobre punições a políticos, a menos que seja por exercício da especial liberdade de expressão que a Constituição deveria lhes garantir.
Lula também é incendiário, mas de um tipo mais perigoso. Ele está empenhado em queimar as duas maiores empresas nacionais: a Petrobras, que renasceu como fênix do primeiro incêndio lulista, e a Vale.
O presidente da República não se conforma que ambas as empresas, de capital aberto, tenham acionistas sem outro interesse que o lucro oriundo de bom desempenho comercial e financeiro. Se pudesse, Lula reestatizaria completamente a Petrobras e reverteria a privatização da Vale.
Como o caixa do governo é insuficiente, Lula gostaria que as duas empresas financiassem pesadamente o seu projeto de poder — a bem da precisão, no caso da Petrobras, que voltasse a financiá-lo, assim como ocorreu na época do petrolão, escândalo monumental que a Justiça brasileira tenta inutilmente apagar da história.
A piromania ideológica do presidente da República na Petrobras e na Vale faz cinzas dos interesses de um país que tem nos investimentos privados, em especial provenientes dos exterior, o único caminho para o seu desenvolvimento. Está cada vez mais claro para o investidor estrangeiro que é um tremendo risco colocar dinheiro a longo prazo em um Brasil governado por intervencionistas.
A carta de renúncia de José Luciano Duarte Penido para justificar a sua saída do Conselho de Administração da Vale impressiona pela franqueza e deveria funcionar como freio para Lula.
Ele saiu denunciando “a evidente e nefasta influência” na empresa da qual Lula queria que Guido Mantega fosse o presidente:
“Apesar de respeitar decisões colegiadas, em minha opinião o atual processo sucessório do CEO da Vale vem sendo conduzido de forma manipulada, não atende ao melhor interesse da empresa, e sofre evidente e nefasta influência política.
No Conselho se formou uma maioria cimentada por interesses específicos de alguns acionistas lá representados, por alguns com agendas bastante pessoais e por outros com evidentes conflitos de interesse. O processo tem sido operado por frequentes, detalhados e tendenciosos vazamentos à imprensa, em claro descompromisso com a confidencialidade.
Não acredito mais na honestidade de propósitos de acionistas relevantes da empresa no objetivo de elevar a governança corporativa da Vale a padrão internacional de uma Corporation.”
Luciano Bivar é o Nero fisiológico das lavanderias partidárias, Lula é o Nero ideológico do capitalismo brasileiro.
Por: Mario Sabino