Correios em crise: estatal adia férias, reduz salários e decreta fim do home office

A empresa estatal encerrou 2024 com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões. Em documento interno, os Correios anunciam medidas para conter despesas

Por: Valdir Justino

Texto: Flávia Said, Anderson Costolli

Publicada em 14 de maio de 2025 às 13:28
Imagem: Reprodução

Dias após a divulgação de um prejuízo bilionário em 2024, os Correios suspenderam férias e trabalho remoto dos funcionários. Em circular obtida pelo Metrópoles, a empresa diz estar traçando estratégias para ampliar receitas e gerar novos negócios, ao mesmo tempo que implementa um plano de redução de despesas.

Veja abaixo as medidas para lidar com o prejuízo:

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  • Prorrogação das inscrições para o Programa de Desligamento Voluntário (PDV): até 18 de maio de 2025, mantendo os atuais requisitos de elegibilidade.
  • Incentivo à redução da jornada de trabalho: alteração da carga horária para 6 horas diárias e 34 horas semanais, com ajuste proporcional de remuneração para empregados lotados em unidades administrativas;
  • Incentivo à transferência, voluntária e temporária, de agente de correios – atividade carteiro e atendente comercial para atuar em centros de tratamento: o pagamento do adicional de atividade será o mais vantajoso para empregados;
  • Suspensão temporária de fruição de férias: a partir de 1º de junho de 2025, referente ao período aquisitivo deste ano. As férias voltarão a ser usufruídas a partir de janeiro de 2026.
  • Revisão da estrutura do Correios-Sede: redução de pelo menos 20% do orçamento de funções.
    Convocação para o retorno ao regime de trabalho presencial: todos os empregados devem retornar a partir de 23 de junho de 2025, com exceção daqueles protegidos por decisão judicial.
  • Lançamento de novos formatos de planos de saúde: a escolha da rede credenciada será dialogada com as representações sindicais. A economia estimada será de 30%.

O objetivo das medidas, segundo a direção, é otimizar, processar, aumentar eficiência e reforçar a capacidade de investimento da empresa.

“Estamos diante de um desafio importante: a necessidade de reduzir despesas. Ao mesmo tempo, temos a oportunidade de, mais uma vez, provarmos a força e a resiliência da nossa empresa. Para isso, cada um de nós é uma peça fundamental nesse processo”, diz o documento.

Prejuízo nos Correios

  • A empresa estatal encerrou 2024 com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões.
  • O déficit é quatro vezes maior do que o registrado no ano anterior, que foi de R$ 597 milhões.
  • É a primeira vez desde 2016 que os Correios apresentam um prejuízo bilionário em suas operações. Na época, a companhia ficou no vermelho em R$ 1,5 bilhão (o equivalente a R$ 2,3 bilhões, em valores atualizados).

Segundo os Correios, entre as explicações para o resultado negativo de 2024, está o fato de que somente 15% das mais de 10,6 mil unidades de atendimento registraram superávit (quando as receitas superam as despesas).

“Ainda que 85% das unidades sejam consideradas deficitárias, os Correios garantem o acesso universal de todas e todos aos serviços postais, com tarifas justas, em cada um dos 5.567 municípios atendidos”, afirmou a empresa.

A companhia informou, por outro lado, que houve investimento de R$ 830 milhões em 2024. Desde que a nova gestão assumiu, segundo os Correios, foram investidos R$ 1,6 bilhão.

Nos últimos 2 anos, foram investidos R$ 698 milhões na compra de novos veículos e R$ 600 milhões em gastos com manutenção da infraestrutura operacional.

De acordo com os Correios, “a sustentabilidade continuará a ser tema central” da companhia. “Esperamos evoluir ainda mais em nossos propósitos de caráter social e ambiental.”

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