A colunista Vera Magalhães, do jornal O Globo, empreende uma guerra contra o candidato a prefeito de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), em sua publicação desta quarta-feira (4). A jornalista declarou que os “paulistanos aceitam correr risco com Pablo Marçal” e que a cidade está “ao pé do Pico dos Marins”, fazendo referência ao episódio em que o empresário escalou uma montanha na cidade de Piquete (SP), colocando em risco 32 pessoas, para ilustrar o risco iminente de sua gestão para a capital paulista e lançando sobre Marçal a pecha de irresponsável.
Vera explora o episódio já exaurido e rememora nuances do ocorrido, expondo, inclusive, o parecer do tenente do Corpo de Bombeiros que participou do resgate e que teria dito que nunca viu “tamanha imprudência”. Ela se referiu ao candidato como “dublê de coach”.
– Um dos episódios ruidosos da carreira de Pablo Marçal ocorreu em janeiro de 2022, quando, para promover um de seus combos lucrativos de curso/livro/ciclo de palestras, denominado “O pior ano da sua vida”, o dublê de coach e influenciador digital reuniu um grupo de 32 pessoas para subir o Pico dos Marins, na divisa dos estados de Minas Gerais e São Paulo – lembra.
Em seguida, a colunista diz que o “eleitorado paulistano está neste momento de mochila nas costas cogitando subir o Pico dos Marins sob o comando de Marçal” e afirma que suas propostas são “inconsistentes” e “folclóricas”.
– Uma parcela do eleitorado paulistano está neste momento de mochila nas costas cogitando subir o Pico dos Marins sob o comando de Marçal. A ascensão do candidato do PRTB nas pesquisas ignora essa e outras passagens com comprovação em forma de processos e até condenações na sua trajetória e na de aliados políticos e sócios próximos, passa batido pela inconsistência de suas propostas, algumas das quais folclóricas, e enxerga nele ao mesmo tempo uma renovação da direita, personificada em Jair Bolsonaro e no seu hesitante apoio ao prefeito Ricardo Nunes, e uma maneira de se contrapor ao governo Lula e a seu candidato na cidade, Guilherme Boulos.
Determinada a achincalhar o empresário, Vera Magalhães destacou em seu texto que Marçal implodiu as regras de comportamento em debates e entrevistas e que “se sua escalada não for interrompida por eventos como o que deteve seu grupo na Serra da Mantiqueira, ele tem grandes chances de ir ao segundo turno na maior cidade do país ou, no limite, de repetir o feito de João Doria em 2016 e vencer já no primeiro turno”.
A intenção de ridicularizar o candidato está presente em cada parágrafo, como este:
– Parte dos cidadãos de São Paulo parece disposta a apostar na versão particular da Teologia da Prosperidade pregada por Marçal em seus cortes nas redes sociais, na esperança de “destravar” políticas públicas que não dependem de milagres nem de autoajuda, como saúde, educação, moradia, transporte público e segurança.
O artigo diz ainda que Marçal apresenta “versões incongruentes de um projeto inexistente que vão mudando a depender do dia em que responde sobre o assunto”.
O ataque se estende ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), desafeto público da jornalista.
– O apelo midiático de Marçal e a possibilidade de dar novo gás à polarização que tem hoje um chefe inelegível parece fazer com que parcela da elite da cidade, que se diz de direita, faça vista grossa a essas evidentes inconsistências e ao risco de apostar em alguém com esse retrospecto e essas ligações apenas para derrotar a esquerda.
A colunista de O Globo finaliza atenta ao propósito de desconstruir a imagem do aspirante à Prefeitura de São Paulo e se refere a ele como “coach-candidato”.
– O que pode frear a subida da cidade à montanha do coach é uma rearticulação da política, com Tarcísio de Freitas, e não Bolsonaro, à frente. É o governador hoje quem tenta capitanear a reação na campanha do atordoado Nunes, apostando que o eleitorado de direita, depois de se encantar com a novidade do coach-candidato, se assustará com seus métodos e com os riscos que ele traz para a cidade e para a democracia. A conferir se a onda foi só um modismo fugaz de redes sociais ou se tem o poder de “destravar” a mudança da guarda na direita — e, por tabela, na política brasileira.