Na última reunião do Copom, os quatro diretores do Banco Central nomeados por Lula votaram por uma redução de 0,5 ponto percentual na taxa básico de juros, a Selic. Foram vencidos pelos cinco diretores que lá estavam antes de o petista ser eleito, que votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual. O voto de Minerva foi o do presidente do BC, Roberto Campos Netos.
O mercado olhou desconfiado. Tudo indica que, depois que Roberto Campos Neto terminar o seu mandato, Lula terá maioria no Copom para baixar os juros na marra, o que significaria, na prática, o fim da autonomia do Banco Central.
Entrevistado pelo Broadcast, Fernando Haddad tentou mitigar a desconfiança. Disse que “até em respeito aos profissionais que estão lá, não tem uma bancada bolsonarista e uma bancada lulista no BC. Eu acredito que a questão da guidance (orientação) tenha sido a razão da divergência”.
Ele acrescentou que “essa é uma leitura superficial e ideológica. E, sinceramente, acho que essa questão nem se coloca. Eu considero que as pessoas indicadas por nós são iguais ou melhores do que as que saíram, do ponto de vista técnico e não tenho dúvidas que eles vão aportar um excelente trabalho”.
Fernando Haddad tem razão, mas pela metade: não existem uma bancada petista e uma bancada bolsonarista. O que há é uma bancada de Lula e uma bancada responsável em matéria de polícia monetária. E a bancada de Lula vai superar a bancada responsável, assim que Roberto Campos Neto sair do cargo.
A Selic é a única forma de o Banco Central controlar a inflação. Taxas altas implicam menos crédito, menos consumo, menos dinheiro em circulação. É remédio amargo para manter a inflação baixa. É tudo o que Lula não quer. Para se reeleger, ele precisa que os brasileiros possam consumir abundantemente, como se não tivessem de pagar pela inflação.
O dragão inflacionário está à espreita no Game of Thrones brasileiro. É alimentado por Lula, a nossa Daenerys Drakarys, com o inchaço dos gastos governamentais e consequente aumento no volume de dinheiro necessário para dar conta das despesas crescentes. Se não fosse pela Selic alta, a inflação já teria cuspido fogo na economia. Já está difícil segurá-la dentro da meta.
A bancada petista no Banco Central é um enorme risco para o país, porque poderá entregar a autonomia da instituição de bandeja a Lula. Certamente, o Banco Central ficará mais suscetível às necessidades políticas do chefão petista. Dracarys.