A nota oficial divulgada pela Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) nesta quarta-feira (8) mentiu ao afirmar que o governo federal não recusou oferta de ajuda do Uruguai para operações de socorro aos afetados pela enchente no Rio Grande do Sul. Apesar de ter aceitado um helicóptero uruguaio, a gestão petista rejeitou sim outras ofertas do país vizinho.
Na última terça (7), o jornal Folha de São Paulo divulgou que o governo brasileiro tinha rejeitado uma oferta do Uruguai de lanchas, um avião e drones que auxiliaram nos resgates no estado sulista. Um dos itens ofertados era um avião Lockheed KC-130 H Hercules, que serviria para levar as lanchas às regiões afetadas e doações humanitárias recolhidas no Uruguai.
A recusa da oferta do avião foi confirmada à Folha por nota oficial do Ministério da Defesa enviada também na última terça. Na ocasião, a assessoria da pasta disse que “o Comando Militar Conjunto declinou da oferta da aeronave por restrições de pistas disponíveis para pouso em Porto Alegre”.
A própria nota da Secom desta quarta diz que “juntamente com o helicóptero, o Uruguai também ofereceu um modelo específico de avião”, mas que “a avaliação técnica foi a de que o aparelho, em razão de suas características, não seria adequado para o tipo de operação exigida e a infraestrutura aeroportuária disponível”.
– Considerando ainda que já há no Rio Grande do Sul avião em operação da frota brasieira com a mesma funcionalidade do ofertado, a conclusão foi a de que não havia necessidade desse tipo de aeronave – encerrou o comunicado.
Ainda na terça, o representante do governo do Rio Grande do Sul em Brasília, José Henrique Medeiros Pires, disse que havia outras pistas em operação no estado em condições de receber a aeronave do país vizinho. O avião Hércules do Uruguai, inclusive, teria chegado a operar na base aérea de Santa Maria (RS) para levar suprimentos necessários ao helicóptero uruguaio.
Nesta quarta, o deputado federal Lucas Redecker (PSDB-RS), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, disse que o Ministério da Defesa lhe comunicou que existiria atualmente ainda uma restrição de operação no solo na base aérea de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, o que fez com que a aeronave não pudesse ficar estacionada no local.
O deputado disse, porém, que pediu uma reconsideração da negativa por parte de governo federal e citou a possibilidade de que o Rio Grande do Sul seja afetado por novas enchentes. A resposta da Defesa, segundo o congressista, foi de que a oferta de botes e drones poderia ser reconsiderada.
– Falei com o ministro [da Defesa, José Múcio] e com membros do governo para pedir a possibilidade de reconsideração. O governo disse que os botes e drones podem ser ainda utilizados e reconsiderados – declarou.
AJUDE O RIO GRANDE DO SUL
Com 70% de seu território afetado pela calamidade climática, o estado sulista sofre com severos estragos, e sua ajuda é fundamental para que as vítimas possam recomeçar suas vidas. Uma das formas de fazer doações é o financiamento coletivo criado pelo influenciador Badin, o Colono.