Um levantamento prévio realizado pela prefeitura aponta a destruição de aproximadamente mil casas pela enchente que atingiu a cidade de Cruzeiro do Sul, no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul, no início deste mês.
De acordo com o secretário municipal de Obras, Paulo Nascimento, metade da cidade foi praticamente arrasada.
– Estamos juntando os cacos para nos reerguermos mais uma vez – disse.
Dos 12 mil habitantes, 5,2 mil ainda estão desabrigados ou desalojados, segundo a prefeitura. Nove pessoas morreram e outras nove estão desaparecidas.
A enchente no Rio Taquari atingiu 33 m, superando em quatro metros o recorde de um série histórica de 150 anos, de acordo com a MetSul, agência de informações meteorológicas do Rio Grande do Sul.
A forte correnteza levou tudo que estava numa faixa de até 150 metros do rio: casas, árvores, postes, veículos, animais e gente.
– De muitas casas, não sobrou um único tijolo. Até o piso e o alicerce foram tirados pela força da água – disse Nascimento.
Segundo a MetSul, as imagens aéreas da destruição em Cruzeiro do Sul mostram um cenário que pode ser comparado aos efeitos de um furacão de categoria 5, a escala máxima desses fenômenos, com ventos de 300 km/h a 400 km/h.
Na segunda, uma nova enchente, com quase 28 metros, voltou a atingir a área destruída. Algumas escolas que tinham voltado a funcionar suspenderam as aulas. A prefeitura considera quatro colégios destruídos pela enchente. Outros dois tiveram danos parciais. Cerca de 800 alunos estão tendo atividades em abrigos e outros espaços.
CIDADE-IRMÃ
Uma comitiva de Pomerode, cidade de Santa Catarina que “adotou” Cruzeiro do Sul e vai ajudar na reconstrução da cidade-irmã, visitou as áreas atingidas na segunda.
– É uma situação dramática e inacreditável. Metade da cidade foi atingida e será preciso reconstruir cerca de mil casas. O pessoal está desolado – disse Ércio Kriek (DEM), prefeito de Pomerode.
O prefeito de Cruzeiro do Sul, João Dullius (MDB), disse que vai adquirir ou desapropriar uma área para que os moradores que perderam as casas e tiverem condições iniciem rapidamente a nova construção.
– Nossa preocupação é agir rápido para que aquelas pessoas tenham algum consolo e alguma esperança. Temos de evitar a qualquer custo uma nova devastação – disse.
Ele reafirmou que a prefeitura não permitirá que a população volte a construir em regiões de risco para novas inundações do Taquari. Essa nova área, de acordo com o prefeito, está localizada na Linha Primavera, em um ponto elevado e mais distante do rio.